sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ela estava com o ônibus atrasado, mas por algum motivo voltou e viu pessoas que sentiu que devesse se despedir novamente...
Ele estava lá, e quando ela foi lhe dar um abraço, ele deu um beijo no canto dos lábios.
- sabia que esse beijo assim me faz arrepiar? - sussurou ela no ouvido dele.
- é essa a intenção. - respondeu o menino meio tímido na cadeira.
Eles se olharam por um breve momento. O ônibus estava quase saindo e ela precisava voltar. Mesmo com ela sabendo voar, podendo atravessar a cidade rapidamente assim, ela ainda corria o risco de perder o ônibus. Mas alguma coisa a prendia alí, e ela não conseguia simplismente ignorar.
Eles ficaram abraçados. Ela agachada e ele na cadeira. Até que se beijaram. Um beijo que parecia que havia sido esperado por muito, muito tempo, pelos dois.
Havia tanto sentimento naquela salinha - que as vezes parecia a varanda de uma casa - que parece que todos ao redor conseguiam sentir.
Ela lhe deu mais um beijo, dessa vez nos lábios, sentiu tudo o que aquele momento era pra ela, e pensou em algo meio maluco de se dizer pra alguém que aparentemente era a primeira vez que via..
- Namora comigo?
Ele olhou com expressão de quem não entendeu direito o que foi dito.
- É, namora comigo? - disse ela novamente - é o que queremos. Imagina como será ótimo isso pra nós dois. Eu sinto que você também quer.
Ela o olhou. Ele não precisava responder. Seus olhos respondiam por si só.
Eles sabiam o que aquilo significava.
Eles sabiam todo o sentimento que havia ali.
Ela sentiu vontade de dizer que lhe amava, de um modo diferente de tudo o que já sentiu antes. Mas ela achou que estava muito cedo, que ele poderia não acreditar, apesar de ser a coisa que ela mais tinha certeza naquele momento.
- Eu gosto muito de você. - disse ela agachada, olhando nos olhos dele.
- Eu também gosto muito de você. - disse ele.
Talvez os dois sentissem exatamente a mesma coisa. Mas eles também pensaram a mesma coisa.
Frases não foram ditas.
Sentimentos intensos não foram declarados.
Tudo por medo de ser "cedo demais pra dizer."

Mas não tem problema...
O menino da cadeira de rodas existiu só por alguns minutos no sonho dela. E ela logo acordou, não acreditando que algo com tanto sentimento tinha sido apenas um sonho.

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