quinta-feira, 14 de abril de 2011

(...)
        - Ei, mamãe, você quer ouvir um monólogo em que estou trabalhando para a aula e me dizer sobre o que acha que ele fala? Não me refiro à história, ele é meio comprida. Você não precisa se lembrar das palavras, só me diga o que acha que é, em termos afetivos. Quando eu acabar, você me diz o que sentiu, está bem?
       Ela fez que sim e a atriz começou. Alice olhou e escutou, e se concentrou além das palavras ditas pela atriz. Viu seus olhos se desesperarem, buscarem, implorarem a verdade. Viu-os pousarem nela, mansos e agradecidos. No começo, a voz dela pareceu hesitante e assustada. Aos poucos, e sem se elevar, tornou-se mais confiante, depois alegre, às vezes soando como uma melodia. As sobrancelhas, os ombros e as mãos relaxaram e se abriram, pedindo aceitação e oferecendo perdão. Sua voz e seu corpo criaram uma energia que invadiu Alice e a levou às lágrimas. Ela estreitou o lindo bebê em seu colo e beijou sua cabecinha de cheiro adocicado.
       A atriz parou e voltou a ser ela mesma. Olhou para Alice e esperou.
       - E então, o que você está sentindo?
       - Estou sentindo amor. É sobre amor.
      A atriz sorriu, correu para Alice, deu-lhe um beijo, e cada parte de seu rosto parecia radiante.
      -Acertei? - perguntou Alice.
      - Acertou, mamãe. Você acertou em cheio.


[Para Sempre Alice / pág. 278]

...
*saudade enorme da mamys.

Nenhum comentário: