domingo, 5 de fevereiro de 2012

Fecharei agora os olhos, tamparei meus ouvidos, desviar-me-ei de todos os meus sentidos, apagarei mesmo de meu pensamento todas as imagens de coisas corporais, ou, ao menos, uma vez que mal se pode fazê-lo, reputá-las-ei como vãs e como falsas; e assim, entretendo-me apenas comigo mesmo e considerando meu interior, empreenderei tornar-me pouco a pouco mais conhecido e mais familiar a mim mesmo. Sou uma coisa que pensa, isto é, que duvida, que afirma, que nega, que conhece poucas coisas, que ignora muitas, que ama, que odeia, que quer e não quer, que também imagina o que sente. Pois, assim como notei acima, conquanto as coisas que sinto e imagino não sejam talvez absolutamente nada fora de mim e nelas mesmas, estou, entretanto, certo de que essas maneiras de pensar, que chamo sentimentos e imaginações somente na medida em que são maneiras de pensar, residem e se encontram certamente em mim. E neste pouco que acabo de dizer creio ter relatado tudo o que sei verdadeiramente, ou, pelo menos, tudo o que até aqui notei que sabia.

[Descartes, Meditações (3ª parte). Trad.: "Os Pensadores"]

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*curioso como a gente volta a ler determinadas coisas depois de um tempo, e percebe a mensagem de outra maneira.. esse pedacinho de texto foi lido pra uma prova de filosofia, no meio de 2010.. eu lembro qual o sentido q ele teve pra mim (pelas minhas anotações nele e pela parte que marquei com marca texto), mas lendo hj, por acaso, tem outro sentido, e eu o entendo plenamente hj. coisa que antes eu só entendi alguns pedaços...
com o tempo a gente passa a entender muita coisa. não só isso.

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